Woden Madruga
Texto escrito em 21/04/2011, nos 80 anos de Ticiano Duarte
Ticiano Duarte descobriu as redações dos jornais
ainda adolescente. Primeiramente em A República, governo de José Varela, final
dos anos 40 começo dos 50. Por aí já fazia política estudantil, eleições do
Centro Estudantil Potiguar, ele eleito deputado dos ginasianos. Tempos de
Valtércio Bandeira de Melo, Joanilo de Paula Rego, Aderbal Morelli, José
Fagundes de Menezes, Nabor de Azevedo Maia, Luís Bezerra, William Colbert. O
Grande Ponto em alvoroço.
Da República, Ticiano passou para o Diário de Natal, tempos de Edilson Varela e
Veríssimo de Melo, Lenine Pinto, Luís Maranhão, Antônio Pinto de Medeiros.
Viagens a Maceió para cursar Direito. Rua do Sol na companhia do poeta Gilberto
Avelino. Repórter, cobria Assembleia Legislativa, Palácio Potengi,
convivendo com os políticos. Mais tarde seria chefe de gabinete do prefeito
Djalma Maranhão e secretário (Interior e Justiça) do Governo Aluízio Alves.
Mais recentemente, delegado do Ministério do Trabalho. Depois, auditor do
Tribunal de Contas. Várias cátedras. Dos expedientes palacianos uma esticada
aos bares, às peixadas das Rocas, às noitadas que alcançavam as madrugadas,
Natal Clube, Maria Boa. O encantador ofício da boemia com os amigos, as amigas,
os artistas, pintores e poetas. Ticiano participou de todos esses movimentos culturais
havidos na província, a partir da década de 40.
Fez teatro amador integrando o grupo “Os Farsantes”, liderado por Newton
Navarro. Mais adiante aparece no elenco de um novo grupo, Teatro Experimental
de Artes, também com Navarro, mais Moacir de Goes, Geraldo Carvalho, Humberto
Magalhães e Marcelo Fernandes. Montam a peça “Cantam as Harpas de Sião”,
de Ariano Suassuna. O jornalismo e a política roubam-lhe a cena teatral. A
ribalta agora é outra
Final dos anos 60, na ditadura militar que cassou Aluizio Alves, Ticiano
assumiu a editoria da Tribuna do Norte. Foi chamado muitas vezes ao Quartel
General (comando do Exército). Terminou sendo enquadrado na Lei de Segurança
Nacional. Julgado em Recife, foi absolvido. Comemorou-se em todos os bares. A
boemia, o bom uísque, a liberdade de expressão, o bom papo jamais serão
cassados.
Pai de dois filhos, seis netos e sete bisnetos, Ticiano, ao lado de Iaponira,
chega aos 80 anos com o mesmo espírito e charme da juventude, acrescidos de uma
elegante bengala e suspensórios nem tanto. Fraterno e amigo, cultor da
solidariedade, fiel às amizades e ao uísque, à boa convivência com
os bons companheiros ao quais faz sempre, todos os dias, a mesma pergunta:
“Alguma novidade?”
De Ticiano, usando um bordão bem seu, eu diria: é uma Grande Figura! E ele
responderia, certamente, com os versos de Drummond, voz pausada:
Tenho apenas duas mãos / e o sentimento do mundo.
FONTE – BLOG DO GORN
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